Metamorfose Metamorfosis
Súbito pássaro Pájaro súbito
dentro dos muros entre los muros
caído, caído,
pálido barco pálido barco
na onda serena venido en la onda
chegado. serena.
Noite sem braços! Noche
sin brazos!
Cálido sangue
Cálida sangre
corrido. corrido.
E imensamente
E imensamente
o navegante
el navegante
mudado.
mudado.
Seus olhos densos
Sus
ojos densos
apenas sabem
apenas saben
ter sido. que fueron.
Seu lábio leva Su lábio lleva
um outro nome distinto nombre
mandado. enviado.
Súbito pássaro Pájaro súbito
por altas nuvens por altas nubes
bebido. bebido.
Pálido barco Pálido barco
nas
flores quietas en flores quietas
quebrado. quebrado.
Nunca,
jamais Ya
para siempre
e para
sempre y
para siempre
perdido perdido
O eco
do corpo Eco
del cuerpo
no
próprio vento en el mismo aire
pregado.
clavado.
Cecília Meireles Tradução:
Ricardo Silva
Santisteban
Santisteban
Crítica:
A principio quando nos deparamos com a tradução de Ricardo Silva Santisteban, é possível identificar que o tradutor manteve a estrutura do poema, o giro semântico que a estrofe 4 sugere e o ritmo do poema. Porém, certos confrontos semânticos pelos quais os sentidos das palavras brincam entre si e produzem um ar de ambiguidade no poema em português, não são encontrados com a mesma ambição nas escolhas realizada pelo tradutor. Na tradução do primeiro verso do poema “Súbito pássaro”, traduzido por “Pájaro súbito”, Ricardo opta por uma inversão. Na qual prioriza com mais força um determinado sentido de “súbito”, em contraposição as possibilidades que a versão em português carrega. Outro caso vêm a ser a tradução da estrofe 6 em que “mandado” é traduzido por “enviado”. Neste caso a palavra “mandado” carrega o sentido de “enviado”, no entanto a força semântica que ela produz não esta comportada na tradução. Pois este algo que é mandado esta marcando a intensidade da metamorfose, transforma o pássaro navegante e o seu eu poético. Na penúltima estrofe também nos deparamos com outro exemplo, onde “Nunca, jamais” que se contradiz ao verso seguinte “e para sempre” foi traduzido por “Ya para siempre” “y para siempre”. A escolha de Santisteban pode estar carregando o sentido, mais não a brincadeira que a contradição causa. Contudo ao resolver a antítese o tradutor produziu uma neutralização no poema, domesticando assim a complexidade do mesmo.
Por: Izabela Fernandes de Souza
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